Expressão ora tão banal, ora quase impossível. Uns acreditam em perdão parcial, outros em mudanças radicais. Eu só não acredito em um perdão: aquele vindo de nós. Para perdoar, é preciso nutrir qualquer tipo de afeto, isso é fato. E quando olhamos depressa demais pra tudo o que aconteceu, culpamos a nós, mas nunca aquela pessoa que permanece no pedestal de cristal que criamos dentro de nossos guarda-roupas.
Muitas vezes, nada nem aconteceu. Mas somos eternos insatisfeitos, não? Quando temos, encaramos como se fosse algo banal. Quando alguma coisa sai do lugar, precisamos, de um jeito ou de outro, tê-la de volta.
É como se aquela fotografia que durante anos permaneceu sob sua penteadeira, e você já estava até pensando em trocar, rasgasse e só depois de desbotada e partida você se lembrasse do quão significante fora o momento retratado pra você. O que acontece, na verdade, é que por não possuirmos qualquer tipo de máquina do tempo, as frustrações ficam conosco, e para os outros (mesmo que esses sejam os responsáveis), deixamos o amor que ficou. Amor esse que já não temos mais pelo espelho ou por hábitos que costumavam nos agradar.
A questão não vai muito além do nosso nariz: o grande motivo dessa impiedade toda é o fato de não nos amarmos o suficiente para nos perdoar. Não é auto-estima ou crise de identidade: são receios de passos incertos. De tentar e falhar de novo.
Mas como vamos chegar ao “certo” hesitando?
Acalme-se: as coisas podem não ser as mesmas, mas basta ter a consciência de que um dia te pertenceram.
Desculpe-se apenas pelo transtorno, afinal, estamos sempre em construção.
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