sábado, 19 de março de 2011

Entre Aspas-Conto de fadas


"Toda mulher carrega a síndrome de Walt Disney. Até as mais modernas e cosmopolitas têm o sonho secreto de encontrar um príncipe encantado. Como não existe um Antonio Banderas para todas, nos conformamos com analistas de sistemas, gerentes de marketing, jornalistas, professores, engenheiros mecânicos. Ou mecânicos de oficina mesmo, a situação não anda fácil. Serão eles desprezíveis? Que nada. São gentis, nos ajudam com as crianças, dão um duro danado no trabalho e têm o maior prazer em nos levar para jantar. São príncipes à sua maneira, e nós, cinderelas improvisadas, dizemos sim! Queremos ser resgatadas da torre do castelo. Queremos que o nosso pretendente enfrente dragões, bruxas, lobos selvagens. Queremos que ele sofra, que vare a noite atrás de nós, que faça tudo o que o José Mayer, o Marcelo Novaes e o Rodrigo Santoro fazem nas novelas Queremos ouvir "eu te amo" só no último capítulo, de preferência num saguão de aeroporto, quando ele chegará a tempo de nos impedir de embarcar. O amor na vida real, no entanto, é bem menos arrebatador. Sim, sabemos que a vida real não combina com cenas hollywoodianas. Sabemos que há apenas meia dúzia de castelos no mundo, quase todos abertos à visitação de turistas. Sabemos que os príncipes, hoje, andam meio carecas, usam óculos e cultivam uma barriguinha de chopp. Não são heróicos nem usam capa e espada, mas ao menos são de carne e osso, e a maioria tentaria nos resgatar de um prédio em chamas, caso a escada magirus alcançasse o nosso andar. Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa. Dificilmente um homem consegue corresponder à expectativa de uma mulher, mas vê-los tentar é comovente. Alguns mandam flores, reservam quarto em hotéizinhos secretos, surpreendem com presentes, passagens aéreas, convites inusitados. São inteligentes, charmosos, ousados, corajosos, batalhadores. Disputam nosso amor como se estivessem numa guerra, e pra quê? Tudo o que recebem em troca é uma mulher que não pára de olhar pela janela, suspirando por algo que nem ela sabe direito o que é. Perdoem esse nosso desvio cultural, rapazes. Nenhuma mulher se sente amada o suficiente…" não é meu, mas eu gostei muito, muita verdade em um texto só!

Entre Aspas-Tudo errado




"Ela é a vitima, eu sou o réu.

Ela possui todas as virtudes, eu todos os vícios.

Ela é santa, eu pecadora.

Ela gosta de sol, eu amo a chuva.

Ela chora calada, eu faço escândalo.

Ela acredita no amor, eu creio no ódio.

Ela é banal, eu sou visceral.

Ela vai à igreja, eu moro em cemitérios.

Ela vai casar virgem, eu destruo lares.

Ela é moça de família, eu sou das esquinas.

Ela tem medo do escuro, eu vivo nas trevas.

Ela gosta de sorvete, eu preciso de álcool.

Ela reza antes de dormir, eu não durmo.

Ela agradece, eu cuspo no prato que como.

Ela acredita, eu desconfio.

Ela é feliz, eu finjo.

Ela só diz a verdade, eu pronuncio apenas mentiras.

Ela é humilde, eu arrogante.

Ela o ama, eu não vivo sem ele.

Ela se reprime, eu passo dos limites.



Talvez tenha sido exatamente isso que pensei quando finalmente o vi saindo da igreja de mãos dadas com ela, naquele dia de chuva,se você soubesse me senti tão sozinha… como ela se chamava mesmo? Annabella, isso, maldita Annabella, causa única do meu tormento, causa única do afastamento dele, ela e suas virtudes o arrancaram de mim, ela e sua santidade banal de cristã de subúrbio. Observei os dois atravessarem a rua, traguei lentamente o cigarro e uma lágrima tardia escorreu pelo meu rosto, limpei o vestígio úmido da minha paixão inútil e segui o perfume amadeirado que ele usava, o conhecia tão bem, muito mais do que aquela beata de merda, mais do que ele próprio supunha, mas isso já não importava.E em pensar que há um tempo Annabella, maldita Annabella, era simplesmente uma possibilidade, afinal todos os rumos são aceitáveis, todos os personagens podem assumir o topo de protagonista, talvez seja isso que me incomode, o que dói não é o amor que perdi, o que me incomoda é saber que ela, aquela vaca de sacristia é a culpada disso. O engraçado nisso, é que ele é mais feliz comigo, eu o divirto, eu o excito, eu conduzo aquela mediocridade toda que ele chama de vida, apenas eu, e ele me troca por uma idiota, que no máximo joga gamão aos domingos para se divertir. Annabella, agora eu me permito pensar mais nesse nome, como um veneno letal que eu injeto aos poucos, sentindo minha agonia, Annabella, maldita seja entre as mulheres."

Entre Aspas-como sou!



"Sou complexa, sou mistura. Sumo, surto, vou embora, apareço do nada. Odeio a falta de oxigênio das obrigações, encurto conversas bestas, estendo um bom drama. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou isso hoje, amanhã já me reinventei."

Isabelle Duarte

Entre Aspas-na ordem certa




Sentir primeiro, pensar depois

Perdoar primeiro, julgar depois

Amar primeiro, educar depois

Esquecer primeiro, aprender depois



Libertar primeiro, ensinar depois

Alimentar primeiro, cantar depois



Possuir primeiro, contemplar depois

Agir primeiro, julgar depois



Navegar primeiro, aportar depois

Viver primeiro, morrer depois





Mário Quintana

Entre Aspas-mudanças



Mudanças. Nós não gostamos delas. Nós a tememos. No entanto, não conseguimos evitá-las. Ou nos adaptamos às mudanças, ou somos deixados para trás. Crescer é doloroso. Qualquer um que te disser que não, está mentindo. Mas aqui vai a verdade: às vezes, quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. E às vezes,oh, às vezes mudar é bom. Às vezes mudar é tudo.


Greys Anatomy

Entre Aspas-Nem tudo é fácil.


É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.

É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada

É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.

É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.

É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.

É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.

É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.

É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.

Se você errou, peça desculpas…

É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?

Se alguém errou com você, perdoa-o…

É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?

Se você sente algo, diga…

É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar

alguém que queira escutar?

Se alguém reclama de você, ouça…

É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?

Se alguém te ama, ame-o…

É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?

Nem tudo é fácil na vida…Mas, com certeza, nada é impossível

Precisamos acreditar, ter fé e lutar

para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,

realidade!



(Cecília Meireles)

Entre Aspas-Tenho que confessar





Sou avessa à equações, fórmulas e respostas certas. Não gosto de nada definido. Certezas não me calam. Talvez – por ser uma eterna questionadora e reverenciar o que não se explica – eu deva admitir, com respeito: sempre me atraiu o conceito do caos. Não me entendam mal, por favor. A palavra – por si só – já me traz simpatia: “caos” era usada pelos gregos como sinônimo de fenda ou espaço infinito. A simples idéia me encanta. E não é só isso. A teoria confirma a natural instabilidade do mundo (e de nós mesmos): há ordem na desordem e desordem na ordem. Viu só? Pra mim, nada pode ser tão real. E inspirador. Parece loucura? Olhe, então, a vida se desenrolar lá fora. Ou atreva-se e vire para você mesmo. Previsões falham. Resultados nos surpreendem. Contradições surgem. Fatos nos tiram do prumo quando tudo parece estar na “mais perfeita ordem”. O contrário também acontece. (E eu agradeço, feliz, pela não-linearidade do mundo!). Li uma vez que o simples bater de asas de uma borboleta pode provocar um tufão do outro lado do planeta. Já avaliaram isso? Ah, não sei não. Não entendo nada de física, nem de escalas temporais. Minha história é outra. Acredito que uma pequena escolha na vida pode mudar muita coisa lá na frente. A dimensão de tal fato? Não sei medir. Mas, por via das dúvidas, me asseguro: acalmo as borboletas que voam na minha barriga e exijo-lhes ordem. Afinal, nunca se sabe o temporal que somos capazes de criar.



(Fernanda Mello)