segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Entre Aspas- Cada um no seu Passado


Passado é uma merda. Você começa a namorar e o passado do cidadão vem junto. É aquela melhor amiga que já foi pegueti dele um dia e agora frequenta a casa dele e convida ele pras baladas. É aquela prima que ele passou a vida inteira babando nela e de repente começa a dar bola pra ele (e você, óbvio, não tem direito de sentir ciúme de “prima”). É aquela ex-namorada que morou junto na mesma casa e dormia na mesma cama que hoje você dorme. É aquela cama, inclusive, pra onde ele levava uma mulher diferente toda semana, em que você vai ter que dormir. É aquele monte de merda que o cidadão te contava que fazia. É com isso que você vai te que conviver agora.

Ter um relacionamento, seja ele qual for, não é fácil. Ter um passado, seja ele qual for, é inevitável. Tem gente que traz um final de casamento mal resolvido. Tem gente que traz uma penca de filhos. Tem gente que traz uma ex-namorada que não sai da cola. Tem gente que traz filho que nem sabia que tinha e que aparece dez anos depois. Tem gente que traz traumas de relacionamentos antigos. Tem gente que traz medos. Decepções. E mágoas.
O passado deveria servir pra trazer aprendizado. Experiências positivas. Esperança. E ficar pra trás. O passado não deveria ser uma mala que você carrega a viagem inteira. Tudo que se vive é válido. É lindo (algumas vezes). Mas é passado. Serviu como experiência, mas passou. Passado.
Tem gente que não consegue simplesmente deixar ir. Eu tenho amiga que ainda liga pro ex-namorado depois de três anos que terminaram. O pobre coitado do sujeito já explicou mil vezes que tá namorando com outra, que vai se casar e ela não se toca. Tenho outra que coleciona namorados. Namora com um, mas continua de rolo com os ex, pelo simples fato de não conseguir largar o osso. E nisso, já está no terceiro namorado fatorial.
Seria muito bom que você pudesse interagir com alguém como se nenhuma das partes tivesse vivido experiências boas ou ruins. Como se fossem uma página em branco. Mas não é assim que funciona. Você e todo mundo têm uma memória interna. Um HD onde a gente vai salvando as coisas, deletando umas e outras por descuido – ou por querer – pra caber mais coisas de novo. E nesse HD a gente guarda tudo, desde que a gente nasceu. Pra isso serve essa memória interna. Porque é lá onde as coisas que passaram devem permanecer. Nas lembranças. Quando o passado começa a brigar com o presente, é porque alguma coisa está errada. Fora de lugar. Um deles está invadindo o espaço do outro. Seu passado é só seu. O passado do outro é só do outro. E, se esse passado não foi vivido junto no seu devido tempo, não tem porque ser vivido junto no presente.


Quer saber quem escreveu esse texto?Brena Braz
Belo-horizontina. Maquiadora. Ex-publicitária. Apaixonada por maquiagem. Compulsiva por xampus caros, inutilidades e hidratantes perfumados. Apertadora de bichos fofos. Mãe de duas calopsitas gordas.

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