sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Entre Aspas-Ditadura da beleza



Por séculos, a beleza tem sido um assunto importante, especialmente para as mulheres. Pode até não parecer, mas antigamente, quando o propósito na vida de uma garota era casar, procriar e cuidar da casa, a beleza era a principal artimanha para conseguirem o queriam. É claro que o padrão era muito diferente, mas isso não quer dizer que elas não se cuidavam tanto quanto as pessoas se cuidam hoje em dia, não é?




Mas, se você acha que essa preocupação se concentra nas mulheres, está muito enganado. Não é à toa que o termo “metrossexual” foi criado. Os homens estão cada vez mais interessados em sua aparência, cuidando dos cabelos, unhas e até se depilando. A diferença é que eles têm, na maioria das vezes, um jeito muito mais saudável de alcançarem o tão almejando “corpo perfeito”. O que não significa, é claro, que eles não estejam sempre procurando um jeitinho de acelerar o processo.



ATRAVÉS DOS SÉCULOS



Quando você olha revistas, sites da internet e filmes, o padrão de beleza que vemos é praticamente o seguinte: meninas bem magras, com cabelos lisos ou perfeitamente ondulados, extremamente impecáveis. Mas você acredita que, algum tempo atrás, isso seria considerado feiúra?

Voltando uns dois milênios, diretamente para a Grécia Antiga, vemos representações de Deusas de um jeito completamente diferente de como a desenharíamos atualmente. Elas são sempre cheinhas, com muitas curvas — não um esqueleto humano. Mas não é preciso voltar tanto tempo assim. Até uns 30 anos atrás, esse tipo de beleza ainda era o mais sonhado pelas seguidoras da moda. Nos anos 40, 50 e 60, por exemplo, você encontrava ícones de beleza como Brigitte Bardot e Marilyn Monroe, mesmo que mulheres como Audrey Hepburn, já estivessem ganhando espaço.


Esse tipo de beleza se devia ao fato de que a gordura simbolizava nobreza. “Como assim, Clara?!” Como naquela época, o açúcar era um produto da elite, o consumo do mesmo e, consequentemente, o corpo de quem o consumia já mostrava à que classe a pessoa pertencia.




Hoje em dia, esse padrão não é mais o mesmo. A gordura se tornou algo a ser abominado para quem procura estar “em forma”. O problema mesmo não é esse. Afinal, qual o problema com mudanças nos padrões? Ainda mais depois de tantos séculos. O perigo está na importância à qual a beleza foi elevada, chegando a um momento em que ela é basicamente tudo o que importa.



Não estou tentando generalizar, é claro. Cada pessoa tem seu próprio gosto e opinião. Mas a verdade é que quando olhamos para uma pessoa a primeira coisa que notamos é se ela é bonita ou não. Se ela é, nos sentimos atraídos. Se não, passamos a conhecer para saber se ela é legal e nos tornarmos amigos. É muito raro alguém ficar com outra pessoa, sem compromisso, por outra característica que não a beleza.



O mais triste de tudo é ver esses valores sendo ensinados aos jovens, que crescem assistindo TV e vendo modelos magérrimas, com cabelos perfeitos e tanta maquiagem que parecem usar Photoshop ao vivo. E, então, aquelas propagandas. Propagandas perfeitamente programadas para fazer você acreditar que precisa de tudo que não precisa de verdade.



Não me entendam mal. Se cuidar é ótimo. A vaidade, às vezes, levanta a auto-estima e te deixa muito mais confiante. O problema mesmo é quando você faz de tudo para alcançar essa falsa perfeição. Até mesmo, se autodestruir.



CONSEQUÊNCIAS



Hoje em dia, as pessoas não somente desejam ser bonitas, elas caçam isso e fazem tudo para alcançar esse sonho. Tornou-se algo pior do que uma doença, é uma obsessão.



As mulheres são as mais afetadas, mas isso não quer dizer que os homens não sejam também. Eles compõem 10% do número de pessoas que têm algum distúrbio alimentar. Esses transtornos são problemas gravíssimos que levam à morte até mesmo aqueles que procuram tratamento. Distúrbios alimentares como a anorexia, bulimia e o transtorno do comer compulsivo são os mais comuns e conhecidos, mas há também a vigorexia (que afeta principalmente os homens, na busca de um corpo musculoso) e a diabulimia (que acontece somente com diabéticos), por exemplo. Além disso, todos esses transtornos acabam levando a pessoa à depressão, um estado de baixo humor que afeta toda a vida da pessoa: sentimentos, ações, pensamentos.


É ainda mais triste ver aquelas pessoas que você admira e acredita ter tudo o que você sempre desejou caindo na desgraça de sofrer um transtorno alimentar. Para quem não sabe, a cantora Anahí Portilla, que fazia parte do RBD, já sofreu de anorexia e bulimia por seis anos! Ela chegou a ter 34kg e, por consequência disso, seu coração parou por 8 segundos.

Hoje, ela promove a campanha “Sí Yo Puedo, Tu Tambíen”, um apoio para quem sofre desses problemas e está melhor do que nunca. Mesmo assim, Anahí teve sorte. É raro quem sobrevive dessa doença, como foi mostrado pela história da cantora Karen Carpenter.

Ela e seu irmão eram uma das duplas mais famosas dos anos 70. The Carpenters era incrível. Ele, com seu talento musical; ela, com sua voz incrível. Ninguém era páreo para os dois. Mas Karen foi pega pela anorexia e morreu com 32 anos, após seu coração falhar.



A procura pela beleza, em vez de ser um modo de elevar a auto-estima, acabou virando um jeito de morrer mais jovem e rápido. As pessoas não ligam para o tempo, elas só querem estar bonitas. Mas será que beleza realmente é tudo? Você acha que essas pessoas, que morreram tão novas, estavam felizes com o que acontecia com elas? Com todas as incapacidades físicas, com a depressão, o afastamento dos amigos, a impossibilidade de sair, se divertir, comer besteira…?



Ninguém quer acabar a vida desse jeito. Por isso, pense duas vezes antes de cometer uma besteira como desenvolver um transtorno alimentar. Você não precisa ser magra, para ser bonita. Mas se você quer ser, existem modos benéficos de alcançar isso. Coma frutas, saladas, e coisas que façam bem, dance, jogue futebol, vá à academia, faça algo que lhe agrade e lhe dará o que você quer. Além de emagrecer na medida certa, você está se impedindo do sedentarismo e mantendo seu corpo saudável.



E se você conhecer alguém que pareça estar indo por esse caminho: ajude. Não há coisa pior do que solidão em um momento tão complicado. Esteja lá e incentive a melhora. Mas não force a barra. Procure os responsáveis ou familiares da pessoa e eles saberão o que fazer.

Não se destrua em busca da perfeição. Perfeição mesmo é ser feliz do jeito que você é, vivendo tudo o que tem que viver, tendo tempo para realizar os seus maiores sonhos e se tornar alguém que você nunca imaginou que seria.

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